Fui internada na UTI, dia 26 de janeiro, e só sobreviveria se tudo acontecesse 100% certo daquele momento em diante. Não havia mais tolerância para erros, dúvidas ou atrasos. Todas as chances para o rompimento de um aneurisma gigante, medindo espantosos 6 cm, já tinham sido aproveitadas, desde me submeter a pressão atmosférica em uma viagem aérea; a praticar exercícios físicos extenuantes; a me envolver em situações de stress, elevando a pressão arterial, entre outros.
Tudo iniciou uma semana antes do Natal quando a cabeça começou a doer de forma contínua e progressiva, mas foi em uma viagem ao litoral de São Paulo que a dor alcançou seu ponto máximo. Daí em diante, esse estágio de dor em nada diminuiu até o dia 30 de janeiro, quando passei por uma cirurgia para a retirada do aneurisma. Não importava a medicação que me fosse ministrada, a dor persistia 24h.
Contudo, para demonstrar o misericordioso cuidado de Deus, quero discorrer sobre o que se passou antes da internação. Vamos lá, o primeiro profissional procurado foi um otorrino. Fiz o tratamento para sinusite, dois ciclos de antibióticos, anti-inflamatórios para aliviar a dor e nenhum resultado foi alcançado.
Mesmo sem saber, sem ver, sem ter consciência, Deus estava rigorosamente cuidando e trabalhando a meu favor. Há quem diga que peguei alguns anjos emprestados naquele período. Alguém ficou descoberto por um tempo. O importante é saber que Ele (Deus) não perdeu o controle em momento algum. Afinal, ele é 100% Deus, Perfeito e Pai.
Tentei ir trabalhar após o recesso de fim de ano, mesmo com a dor intensa, mas, logo na parte da manhã, senti um desconforto motor no olho direito e procurei a emergência do primeiro hospital. Foi feita uma tomografia e descartado o diagnóstico de sinusite.
Procurei, no mesmo dia, um segundo atendimento de emergência. Nova tomografia e, mais uma vez, nada foi encontrado. Recebi medicações para aliviar a dor em vão. Saí do hospital praticamente da mesma forma que entrei, com muita dor. Entretanto, fui convencida a procurar um neurologista. Fiz a consulta no dia seguinte com o primeiro neurologista, que me passou medicações direcionadas para enxaqueca com a previsão de bloquear a dor em cinco dias. Ah… fui encaminha para fazer uma ressonância e a fiz poucos dias depois. O resultado ficaria pronto apenas em dez dias.
Passados os cincos dias da promessa de alívio da dor sem sucesso, acreditei que era melhor buscar outro profissional para me avaliar. Aqui entra o segundo neurocirurgião. Nesse período, já não estava mais trabalhando; a dor era, de fato, paralisante.
Pois bem, cheguei ao Dr. Marcos Lopes, o mesmo que acabou fazendo a minha cirurgia. Durante toda aquela semana, ele me acompanhou, trocou as medicações e também seguiu com a hipótese diagnóstica de enxaqueca, mas apenas até sair o resultado da ressonância com o “achado” de um aneurisma de 0,5 cm. Com essa nova informação, eu deveria fazer um outro exame, chamado angiografia cerebral, que nada mais é que um cateterismo cerebral.
Como era véspera do feriado de aniversário da cidade de São Paulo, não consegui nem mesmo fazer o agendamento, ficando para a semana seguinte. No entanto, busquei, no mesmo dia, o serviço de emergência (hospital diferente) para receber medicação para a dor novamente. Foi quando realizamos a terceira e última tomografia (essa com contraste) e…. tudo normal mais uma vez.
Bom… dois dias depois eu retornei pela quarta vez à emergência. Neste momento, já tinham mais sintomas e a médica acionou o Dr. Marcos Lopes por telefone e fui encaminhada na UTI do hospital São Luiz.
Meu quadro agora era queda total da pálpebra direita, chamada de ptose na medicina. Na verdade, o aneurisma estava comprimindo alguns nervos cranianos e provocando tanto a dor intensa, por compressão ao trigêmeo, e a ptose. Um parêntese aqui: fiquei sabendo que a dor do nervo trigêmeo é uma das mais violentas que o ser humano pode enfrentar, superando inclusive a dor de crises renais.
O exame que estava pendente, o cateterismo cerebral, foi feito dentro do hospital em caráter de urgência e o diagnóstico pode ser fechado 35 dias após o início das dores. Um aneurisma de 6 cm exigia uma cirurgia delicada, de grande porte para a sua extração o quanto antes.
Bom, uma única história com muitos milagres e Deus, “socorro bem presente na angústia” (Salmos 46:1) me ensinou que Ele não estava atrasado em meu caso, como não se atrasou no episódio da morte de Lázaro, como não atrasa em nenhum momento das nossas vidas. Fui para a cirurgia com um versículo que o Pastor Carlos leu para mim no hospital: “O que confia no Senhor, a misericórdia o assistirá” (Salmo 32:10) e assim foi: o Senhor me abraçou fortemente.
Ainda no bloco cirúrgico, pedi a Deus para ser o meu Cirurgião. Não o quarto cirurgião, já que foram três profissionais que fizeram a minha cirurgia, mas o cirurgião chefe daquela equipe. Também o solicitei para ser o anestesista-mor, eram dois anestesistas para cuidar desse aspecto, logo imaginei o quanto eu seria sedada.
Após nove horas de procedimentos, sem ideia de como sairia do bloco cirúrgico, uma vez que o aneurisma poderia se romper durante a cirurgia, me levando ao óbito ou me deixando com severos danos, o Dr. Marcos Lopes me acorda e tenta falar comigo. Eu tinha uma única pergunta para lhe fazer: “Eu estou viva? ”, ele me respondeu que sim. Não demorei nada para acreditar e começar a agradecer, sem saber dos resultados da cirurgia. Então ele completou: “… e você não terá nenhuma sequela!”. Glórias sejam dadas ao nosso Deus. Somente Ele é 100% Deus, 100% perfeito.
Todos os médicos da UTI, que passaram pelo meu quarto, foram unanimes em dizer que “nasci de novo”, mas eu não poderia deixar de testemunhar que foi Deus quem me tirou do vale da morte. Já ao meu neurocirurgião, o agradeci por deixar Deus me operar através dele. Hoje, sempre que alguém me pergunta quem foi que me operou, tenho o compromisso de dizer que foi Deus.
Resultados finais: Naquele dia, fui para o quarto sem a intubação, consciente e falando; cinco dias após a cirurgia tive alta do hospital; o olho está em processo progressivo de melhora; retornei ao trabalho sem nenhum comprometimento e muitos milagres para contar! Louvado seja Deus!
Andreia Duarte
Membro da IPMoema